Mais uma pessoa morre com suspeita de dengue hemorrágica no Pará. Desta vez a vítima, Manoel Carvalho, 44 anos, era morador do município de Abaetetuba. Segundo a família do paciente, os sintomas da doença se agravaram há uma semana, quando ele procurou o hospital de urgência e emergência do município. No entanto, após ser atendido, foi diagnosticado apenas como virose, e mandado para casa, sem qualquer medicação. “Ele tomou dipirona e paracetamol por conta própria. Na quarta-feira, quando estava se sentindo pior, foi levado ao hospital geral de Abaetetuba e só então resolveram lhe internar”, conta a irmã de Manoel, Midian Silva Carvalho.
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Após a avaliação médica, a família foi informada que a situação da doença era estável, no entanto, no dia seguinte, quando o médico decidiu encaminhar Manoel a Belém, ele não resistiu e morreu. “Eles demoraram muito para tomar uma decisão. Já tinham feito exame, viram que as plaquetas estavam baixas. Ele chegou a vomitar sangue, mas só no dia seguinte que decidiram mandar, aí já era tarde. Se tivessem tomado alguma providência ele não teria piorado”, lamenta.
Além de Manoel, os dois filhos dele e a esposa também estiveram com a doença, que foi confirmada aqui em Belém, após a morte do pai. Midian conta que trouxe as crianças por conta própria e fez exame particular. O irmão gêmeo de Manoel, Antônio José Carvalho, também está com suspeita da doença desde semana passada. Após procurar atendimento, ele foi apenas medicado e encaminhado para casa. “Ele continua se sentindo muito fraco”.
O surto da doença, segundo a família, aconteceu no bairro do Mutirão. Após a morte de Manoel, agentes da Secretaria de Saúde do município estiveram no local, onde foi constatado o foco da dengue. Outras pessoas também apresentaram os mesmos sintomas. “Tiveram outros dois óbitos que nós achamos que é de dengue. Uma vizinha dele está na mesma situação e em outro bairro próximo do Mutirão também tem outras pessoas com dengue”, conta.
Para a irmã da vítima, Maria da Silva, que procurou o DIÁRIO para denunciar a situação, nada vai trazer Manoel, mas eles querem evitar novas mortes. “Não vamos tomar nenhuma providência contra a prefeitura, mas não quero que isso aconteça com outras pessoas, porque muitas pessoas estão na mesma situação”.
O coordenador do combate à doença do município confirmou que o local enfrentou dois surtos de dengue nos bairros Cristo Redentor e Mutirão, por conta de uma greve dos agentes de saúde, que durou dois meses. “Em dois meses dá para proliferar até quatro vezes o foco da doença e foi o que aconteceu, mas não está havendo epidemia, o que acontece é o surto, que já está sendo controlado”, disse o coordenador de epidemiologia do município, Reginaldo Reis.
Segundo ele, um grande problema enfrentado no combate à doença é a falta de saneamento e também a automedicação. “Eles ficam em casa se tratando e só procuram o médico quando a doença agrava”. Reis afirma que Manoel morreu com parada cardiorrespiratória e a dengue hemorrágica não foi confirmada, já que não havia sido feito exame laboratorial, apenas clínico. “No laudo de óbito está como dengue, mas com um ponto de interrogação ao lado, porque ainda não estava confirmado. Quando chegou o resultado do exame para dengue estava negativo”.
Reis conta que a rotina de visita de agentes nas casas foi retomada e o controle clínico sendo realizado. O coordenador não informou o número de casos da doença registrado no município, explicando que seria necessário fazer primeiramente um levantamento.
5 ÓBITOS EM BELÉM
Em Belém, os casos de dengue registrados até agosto deste ano chegam a 1.079, enquanto que durante todo o ano de 2009, foram registrados 1.105. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), do total de casos registrados, 66 foram confirmados com dengue hemorrágica. Cinco morreram. Entre os bairros considerados de risco por conta da quantidade de focos da doença estão Umarizal, Coqueiro, Aurá e a ilha de Mosqueiro.
Para combater o mosquito, a Sesma realiza, segundo a coordenadora de controle da dengue, Inete Ribeiro, visitas domiciliares, controle químico e também um trabalho de conscientização. “O nosso maior problema é dentro dos domicílios. É preciso que o próprio cidadão verifique semanalmente o seu quintal, calha, entre outros locais que podem servir de criadouro para o mosquito. O morador é o maior agente da saúde”.
Na edição de ontem do DIÁRIO, um caso de morte com suspeita da dengue hemorrágica foi denunciado. Além da vítima que foi a óbito, o irmão também estava com a doença. Além deles, outra paciente, Eleonice Santos, está internada no Pronto-Socorro de Belém. A vítima é de Barcarena e aguarda leito no Hospital Universitário João de Barros Barretos (HUJBB). Segundo a mãe da jovem, Fátima Santos, não há leitos. A direção do hospital, durante contato com a produção do
DIÁRIO, confirmou a informação, mas em um contato posterior ninguém foi encontrado para conceder entrevista. (Diário do Pará)
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