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Manoel de Lima Rego, de 37 anos, apontado pela Polícia Civil como o maior distribuidor de cocaína do Pará nos últimos 10 anos, foi preso ontem em Belém, durante mais uma etapa da operação Mosaico, da Divisão de Repressão ao Crime Organizado (DRCO). Manoel chefiava uma rede de distribuição de drogas com participação de traficantes que estão presos no Complexo Penitenciário de Americano, em Santa Isabel, e com ramificações nos maiores polos produtores de cocaína em países da América Latina - incluindo os grandes produtores Peru e Colômbia.
O megatraficante, conhecido entre os subalternos como 'Patron', esperava em Belém pelo carregamento de mais de 100 kg de cocaína apreendidos na segunda-feira por uma equipe da Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) da Polícia Civil do Pará em Santarém. Na casa dele, no bairro da Sacramenta, a Polícia apreendeu R$ 19 mil em dinheiro, um carro, duas motos e uma lancha de passeio.
A droga fora adquirida no Peru por um consórcio de traficantes, entrou no país pela cidade de Cruzeiro do Sul, no Acre, e viajaria de barco até Belém, onde seria recebida e distribuída por Patron. O carregamento, segundo a Polícia Civil, abasteceria as redes de comercialização de cocaína na capital e Região Metropolitana. Beneficiada, a droga apreendida renderia nas ruas o equivalente a R$ 1,5 milhão.
Do consórcio para a compra da cocaína também faziam parte o traficante Raimundo Íris Nunes Penha, conhecido por 'Índio' ou 'Raimundo Nira', amazonense que responde a cinco processos na Justiça por tráfico e associação ao tráfico, com atuação em pelo menos três estados; Elson Conceição Mangabeira, o 'Velho', que responde na Justiça do Amapá a sete processos por tráfico e já recebeu condenação em três deles; Samuel Rodrigues Ramirez, o 'Santiago', responsável por acompanhar de perto o carregamento até Belém; e Adriano Melo Penha, filho de Raimundo Penha, responsável por dar suporte à operação de transferência da droga. Todos eles foram presos na segunda-feira juntamente com a droga apreendida.
Também foram presos em Santarém, na última segunda-feira, Vilsomar Oliveira Lameira, o 'Somar', e João Maria Ramos, o 'Jango' - prático enviado de avião a Santarém por Manoel Patron para guiar o barco com a droga até um porto na capital paraense, conforme apurou a investigação da Polícia Civil. Participaram da operação em Santarém policiais da Superintendência da Região do Baixo Amazonas e agentes da Polícia Federal.
QUARTEL GENERAL
Em Belém, foram presos Manoel de Lima Rego e a companheira dele, Myrys Luana Rodrigues Farias, de apenas 21 anos, apontada pela polícia como articuladora do grupo e responsável por monitorar o carregamento de 'Patron' por telefone. Os dois tiveram a prisão, decretada na última sexta-feira por uma juíza da comarca de Santa Izabel, cumprida na manhã de ontem. Eles foram presos na casa em que moram, na passagem São Sebastião, bairro da Sacramenta, o quartel general de 'Patron'.
Alguns dos familiares do traficante também estão envolvidos no esquema de distribuição de droga em Belém. A ex-mulher de Manoel, Simone Oliveira Moraes, foi presa no segundo semestre de 2008 durante a operação Bajara, da DRE. Antônio Carlos de Lima Rego, um dos irmãos do traficante, também está preso, apontado por participação na morte de dois peruanos em Belém em setembro de 2008, em um provável acerto de contas. Os corpos foram desovados na mata da Ceasa. Também foram presos Edivaldo Sarmento e o peruano Medardo López Montalvan.
Operação policial identifica traficantes que agiam dentro de presídio
A operação Mosaico, que em sua terceira etapa desmantelou a quadrilha de Manoel Patron, foi iniciada em outubro de 2008, após o encerramento das operações Leão da Terra e Bajara, da DRE/DRCO. A primeira, de acordo com o delegado João Bosco Rodrigues, diretor da DRCO, revelou a participação de traficantes presos no complexo de Americano, em Santa Isabel, na compra e distribuição de drogas no Pará. Entre eles, está o peruano Miguel Florez Arevalo, tido como articulador das ações, que usava celulares dentro da cadeia para negociar a compra da droga; Carlos Alberto Lindoso Duarte, preso em maio de 2008 pela Leão da Terra, e Ronaldo da Conceição Silva, o Camaleão, articulador do tráfico de maconha no Estado.
O delegado João Bosco afirma que com a prisão de Manoel Patron, a Polícia colocou atrás das grades o maior distribuidor de cocaína do Pará nos últimos dez anos. Um empresário do tráfico que sem utilizar armas controlava um esquema sofisticado e milionário de distribuição de cocaína. A droga traficada por Patron e pelo esquema familiar dele, segundo a Polícia, abastece principalmente os bairros da Sacramenta, Pedreira e Telégrafo.
Ainda segundo o delegado João Bosco Rodrigues, a operação Mosaico continua. 'A medida em que se adiantam as investigações, surgem outros nomes e outras ramificações da quadrilha', explica. O delegado fala ainda da utilização dos rios para o escoamento da cocaína produzida no Peru e na Colômbia, pela já conhecida rota de Tabatinga (AM)/ Letícia (Colômbia), e pelo Acre, na cidade de Cruzeiro do Sul. As duas rotas utilizam as cidade próximas a Santarém como bases logísticas. O delegado também fala da rota Suriname/Abaetetuba, que já figura com destaque no mapa da distribuição de entorpecentes no Pará.
A apreensão da última segunda-feira foi a mais volumosa feita pela Divisão de Repressão a Entorpecentes (DRE) em 2009, sob o comando do delegado Henison Jacob Azevedo. A Polícia Civil do Pará aposta na intensificação do combate ao tráfico de drogas para a redução dos índices de criminalidade, considerados 'alarmantes' entre o final de 2008 e o início de 2009. A prisão de traficantes e a desarticulação das redes de tráfico, de acordo com o delegado geral Raimundo Benassuly, são os principais responsáveis pela queda no número de ocorrências de roubos e furtos.
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