segunda-feira, 29 de junho de 2009

AÇAÍ É BOM NEGÓCIO!

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O açaí lidera o mercado da fruticultura nacional, exportando 500 mil toneladas/ano. O crescimento do interesse nacional e internacional pelo "ouro negro" paraense, entretanto, fez com que o preço do produto aumentasse para o consumidor. Da mesma forma, cresceram os problemas relacionados ao cultivo do açaí, como a presença de atravessadores e dificuldades de armazenamento.

"A divulgação e o incentivo são importantes. Se o Pará tivesse incentivado o plantio 10 anos atrás, hoje a realidade seria outra", ressaltou Otacílio Waldir Frigo, dono de uma agroindústria no município de Santa Izabel do Pará, que produziu ano passado 980 toneladas do fruto.

Waldir Frigo montou estande na Frutal Amazônia 2009, feira que abriga as principais discussões do setor. Além de produtores locais interessados em capacitação e no fechamento de negócios, o evento também atraiu investidores estrangeiros, como consultores da União Européia, que negociaram com produtores de açaí, área de pesquisa que cada vez mais desperta o interesse internacional.

Ineditismo - O cenário atual e o potencial de crescimento do setor no Estado levaram a organização da feira a promover, pela primeira vez, o Seminário Setorizado do Açaí, que reuniu mais de 50 representantes de associações e cooperativas de produtores paraenses. Eles discutiram políticas públicas para o aproveitamento do fruto, hoje produzido principalmente nas regiões do Baixo Tocantins e Marajó.

Ajudar a transformar pequenos produtores em empreendedores, priorizando desenvolvimento sustentável e responsabilidade social, foi um dos objetivos do evento. O assessor de Cooperativismo da ONG Fase, Carlos Alberto Castro, observou que mais de 90% do açaí comercializado no Estado têm origem na agricultura familiar.

O seminário, segundo ele, serviu para apontar as melhorias necessárias, como as condições de infraestrutura (estradas e portos para escoamento da produção). Carlos Castro também frisou a importância de valorizar os produtores que já trabalham com o manejo ambiental.

Nardye Sena, gerente de Fruticultura da Secretaria de Estado de Agricultura (Sagri), disse que o objetivo do encontro foi aproximar a agroindústria do setor produtivo do açaí. O diferencial do seminário setorizado, ressaltou, é que os produtores tiveram espaço para expor suas dificuldades e sugerir medidas para melhorar a cadeia produtiva do açaí, já que eventos anteriores davam espaço apenas para representantes da indústria.

Produtores - Natural da várzea, o açaí cultivado em terra firme tem a vantagem de produzir frutos na entressafra. Waldir Frigo colhe cerca de 30% da produção normal na entressafra. Há uma década, a área plantada de açaí (que divide com o cupuaçu) era "apenas mato", resultado da pecuária.

Nardye Sena destacou que o açaí produzido nestas áreas acelera o processo de recomposição do solo, ao evitar a erosão e produzir sombra e matéria orgânica. O açaizeiro também produz o palmito, muito valorizado no mercado. Com a orientação correta, produtores de açaí podem corrigir os solos de terra firme, que necessitam de irrigação e outros cuidados.

O produtor de açaí Vanildo Quaresma, que mora em Abaetetuba, onde o solo característico de várzea favorece atividades de manejo do açaí, representa na Frutal outras 147 pessoas que integram a cooperativa Cofruta, na região do Baixo Tocantins. Ao lado do Marajó, a região é uma das maiores produtoras de açaí. A expectativa dos cooperados é encontrar saídas para os principais gargalos que impedem a expansão da produção e exportação, como o armazenamento de grande quantidade de polpa.

Entraves - As principais dificuldades enfrentadas pelos produtores foram ouvidas por empresários e representantes de instituições, como Embrapa, Sebrae e Sindfrutas. A necessidade de discutir os entraves na produção do açaí em um seminário específico surgiu da observação de que a exportação do produto tem beneficiado, sobretudo, empresas da agroindústria e os atravessadores.

Apesar de o produto vir ganhando novos mercados, houve pouco crescimento entre os pequenos produtores. Marcelo Alves, gerente da Área de Produção Vegetal da Sagri, destacou que o trabalho feito com os pequenos agricultores de açaí ao longo do seminário visou diminuir o número de intermediários da cadeia produtiva e ampliar as possibilidades de geração de renda para quem ocupa a base da atividade.

"Nós observamos que há um problema no centro da cadeia produtiva do açaí: o excesso de intermediários faz com que o grande empresário, que exporta o produto para diversos pontos do país e do exterior, obtenha lucros desproporcionais se comparados ao rendimento do agricultor familiar", explicou Alves.

Entre as soluções para o setor estão os cursos de capacitação, que ensinam práticas de manejo, condições de higiene etc. "Com mais informações, os produtores terão mais possibilidades de comercialização do fruto, e os compradores mais qualidade", frisou.

A coordenação do Seminário Setorizado de Açaí elaborou uma carta de intenções, que será encaminhada ao governo do Estado.

1 Comment:

Anônimo said...

Tomara que o grupo da prefeita não se apodere do açaí ,pois tudo que eles tocam se torna ilegal!


Sou das ilhas ,mas não sou besta !