segunda-feira, 21 de setembro de 2009

CÂNCER MATA UM PARAENSE A CADA 3 HORAS

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O câncer está matando mais. A cada três horas, um paraense é vencido pela doença. O número é quase 90% maior que o de 10 anos atrás. E o mais grave, a população do Pará cresceu apenas 28% no mesmo período. Os dados são do Instituto Nacional do Câncer (Inca) que, a pedido de O LIBERAL, mapeou a mortalidade pela doença dos moradores do Estado durante uma década. Por falta de registros mais recentes, a comparação dos dados se deu entre os anos de 1997 e 2007. Em 1997, 1.586 paraenses morreram de câncer. Em 2007, foram 3.007. A população passou de 5,5 milhões para 7 milhões no período. O cenário é ainda mais alarmante para as mulheres. Com crescimento de 76% no número de óbitos, pela primeira vez na história, as mulheres equipararam aos homens na quantidade de vítimas. Em 1997, as mortes masculinas, decorrentes de qualquer tipo de câncer, representavam 54% dos registros. O que não mudou foi o vilão das mortes das mulheres paraenses. O câncer de colo do útero, que se detectado precocemente pode curar em 100% dos casos, foi responsável por 15% dos 1.347 óbitos femininos de 2007. É o mesmo percentual do início da década. No entanto, em número de mortes, houve um aumento de 40% nesse período de dez anos. Saltou de 115 mulheres mortas, em 1997, para 200. Pelo levantamento do Inca, o câncer de mama é o segundo tumor que mais mata mulheres no Pará. Foram 163 óbitos em 2007, mais que o dobro do registro apontado em 1997 (73). Os tumores de mama tomaram a posição dos de estômago, que estavam na vice-liderança no início da década. Mesmo caindo para terceiro nos casos de mortalidade, o câncer de estomago apresentou a segunda maior alta dentro do período analisado: 93%. Ele vitimou 159 mulheres em 2007, enquanto em 1997 foram 82. No caso dos homens, o câncer de estômago é o líder no ranking de mortalidade. A doença causou 274 mortes, superando o número de vítimas de câncer do pulmão que, até o ano anterior, aparecia em primeiro. Ao longo de uma década, os cânceres de estômago e pulmão tiveram um crescimento no Pará de 91% e 34%, respectivamente. Outra preocupação do homem paraense é o câncer de próstata que neste período teve um avanço de 81% de mortes, pulando de 96 registros de óbitos em 1997, para 174, em 2007. No total, 1.434 homens paraenses perderam a vida por causa de um tipo de câncer em 2007. Leucemia aparece na sequencia, com 86 mortes. Completam os principais casos de óbito, os cânceres de fígado (83), de lábio, cavidade oral e faringe (70) e de ânus (57). MUNICÍPIOS Belém lidera a mortalidade no Estado. O câncer faz três vítimas por dia na capital paraense. De acordo com o mapeamento do Inca, com base no banco de dados do Ministério da Saúde (DATASUS), foram 1.159 mortes registradas em 2007. Em comparação com o início da série destacada para O LIBERAL, em 1997, Belém teve um aumento significativo de 24% no número de óbitos pela doença. Há dez anos, a cidade respondia por quase 60% das mortes por tumores malignos no Estado, com 933 registros. Hoje a proporção abrange 40% das mortes por câncer no Pará. Ananindeua aparece na sequencia, com o segundo maior número de mortes por câncer. A doença matou, em 2007, 234 pessoas no município. O registro é superior a marca do início da década, que apontou 46 mortes a menos. Santarém teve 118 óbitos e Castanhal apontou 91. Mas foram Abaetetuba e Marituba que mostraram os maiores crescimentos do número de pessoas que perderam a luta contra a doença. A primeira aumentou em quase dez vezes os registros de óbitos. Saltou de oito para 78 mortes, em dez anos. Já o município da região metropolitana saiu dos 13 óbitos para 43, no mesmo período. Maior responsável pela morte das mulheres paraenses, o câncer de colo do útero tem índice inferior a 2% nos países da Europa e nos Estados Unidos. Como comparação, a média de mulheres mortas no Pará por essa neoplasia é o dobro da média nacional. Se considerar os números da região Sudeste, a média do Estado é quase três vezes superior. É muito preocupante esse número de mortes de mulheres paraenses. O câncer de colo do útero é responsável por quase 16% de todas as mortes no Estado. E essa preocupação é porque o câncer de colo do útero é muito fácil de ser controlado. Dependendo da fase que esse câncer é diagnosticado ele é 100% curável , afirma. O tumor maligno no colo do útero tem uma característica distinta dos demais quando descoberto precocemente: Ele tem uma alteração celular que é um pré-câncer, quer dizer que antes de propriamente iniciar o câncer, a mulher fica muitos anos com uma lesão que pode ser detectada pelo exame papanicolau. Quando nós fazemos esse exame, nós estamos buscando essas alterações que antecedem o câncer. E às vezes antecedem em alguns anos. Então a gente tem uma janela de oportunidades de detectar essa lesão, podendo tratar o problema. Mas, infelizmente, essas mulheres chegam ao sistema de saúde em estágio muito avançado, tornando irreversível a morte delas . A alta incidência de mortes no Pará está associada à dificuldade de acesso da população a serviços de saúde pública que podem fazer o diagnóstico precoce ? o exame papanicolau. O governo federal tem intensificado programas de controle e de informação através do Saúde da Família, mas a oncologista ressalta que, no Pará, deve-se considerar outros problemas que dificultam o controle da doença. No Estado, nós temos que considerar várias questões, principalmente as barreiras geográficas, econômicas e, sobretudo, culturais. Todas elas precisam ser trabalhadas. Faz parte, inclusive, do programa Saúde da Família trabalhar essas barreiras. Eu diria que ele é uma solução para essas barreiras geográficas e econômicas, porque ele chega a onde a população está, oferecendo o serviço gratuito do SUS. Agora sempre fica uma necessidade de vencer essa barreira cultural, do machismo, para que a população entenda que esses exames salvam a vida das pessoas . Energia elétrica diminui casos O câncer que mais mata paraenses é o de estômago. No geral, 433 pessoas, entre homens e mulheres, perderam a vida em 2007, devido a essa doença. Mas ao contrário do que pode parecer, os males não estão ligados ao tipo de alimento, mas sim a conservação deles. A chegada da energia elétrica em quase todas as regiões do País, reduziu drasticamente a quantidade de vítimas desse câncer. Mas o efeito dessa melhora não foi sentido no Estado. Entre 1997 e 2007, o número de casos fatais dobrou. A evolução no País é devido ao acesso da energia e elétrica e, consequentemente, ao acesso a geladeira, que melhorou a conservação dos alimentos. Tem outro dado também, que é o maior acesso aos serviços de saúde, e o uso de antibiótico mais indiscriminado na população. Isso teria levado também a uma redução dos índices de câncer de estômago. Embora no Pará, esse índice também possa está reduzindo, o Estado está em um padrão de alguns anos atrás, de áreas pouco desenvolvidas, que tem menos acesso aos serviços de saúde .
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Créditos: Redação - Jornal O Liberal

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