“Aplicarei os regimes para o bem do doente segundo o meu poder e entendimento, nunca para causar dano ou mal a alguém. “ (Hipócrates) Infelizmente a saúde pública no Pará está abandonada (há muito tempo), por descaso de governos anteriores e pela falta de empenho do governo atual, o fato é que os hospitais públicos estão se fechando para o atendimento com a desculpa de que estão superlotados. Os hospitais estão superlotados, então é preciso aumentar a capacidade dos mesmos, de acordo com o crescimento da demanda, essa é a lógica. O caso da paciente que perdeu gêmeos por falta de atendimento no hospital referência em neonatologia mostra uma situação que é regra nos demais hospitais do Estado (como Hospital das Clínicas, Santa Casa, Abelardo Santos, Barros Barreto, Prontos-Socorros), o atendimento desumanizado, geralmente feito por profissionais sem competência para lidar com o público (aí incluo os “guardas” porteiros terceirizados, que barram quem precisa de atendimento), inclusive os profissionais de saúde que tratamos pacientes sem o mínimo de consideração, nem mesmo com as grávidas. A grávida do caso era paciente da Santa Casa e fazia o acompanhamento de acordo com as recomendações, embora a gestação fosse de risco, inclusive a mesma possuía consulta marcada para o fatídico dia da perda dos bebês, portanto, a desculpa de que o paciente não possuía encaminhamento (“piada pronta” em casos de omissão de atendimento) não se aplicava ao caso. A Santa Casa recusou sua própria paciente em um momento delicado, onde três vidas corriam risco (a da mãe e dos dois bebês). É importante frisar que a paciente já havia sido RECUSADA em outro hospital do ESTADO, hospital pago por todos nós contribuintes. Fica a lição para o Governo do Pará. Nunca RECUSE uma grávida que precisa de atendimento, ponham-se no lugar da mãe que perdeu dois bebês, e se fossem seus filhos? A decisão do Governador em afastar os envolvidos no caso foi acertada, assim como a atitude do bombeiro (de ter dado voz de prisão para a médica), pois omissão de socorro é crime e no mínimo a paciente deveria ter recebido atenção de algum profissional e encaminhada para outro hospital. Nada disso foi feito, portanto, a conduta dos envolvidos na omissão deve ser apurada e julgada, caso sejam culpados, os mesmos devem sofrer as consequências desse ato criminoso e desumano. Para os profissionais e gestores da saúde (médicos, enfermeiros, secretários e colaboradores), faço-os lembrar do juramento de Hipócrates atualizado pela Declaração de Genebra, onde os preceitos morais de defesa à vida são exaltados: “NO MOMENTO DE SER admitido como membro da profissão médica: EU JURO SOLENEMENTE consagrar a minha vida a serviço da humanidade; EU DAREI aos meus professores o respeito e a gratidão que lhes são devidos; EU PRATICAREI a minha profissão com consciência e dignidade; A SAÚDE DE MEU PACIENTE será minha primeira consideração; EU RESPEITAREI os segredos confiados a mim, mesmo depois que o paciente tenha morrido; EU MANTEREI por todos os meios ao meu alcance, a honra e as nobres tradições da profissão médica; MEUS COLEGAS serão minhas irmãs e irmãos; EU NÃO PERMITIREI que concepções de idade, doença ou deficiência, religião, origem étnica, sexo, nacionalidade, filiação política, raça, orientação sexual, condição social ou qualquer outro fator intervenham entre o meu dever e meus pacientes; EU MANTEREI o máximo respeito pela vida humana; EU NÃO USAREI meu conhecimento médico para violar direitos humanos e liberdades civis, mesmo sob ameaça; EU FAÇO ESTAS PROMESSAS solenemente, livremente e pela minha honra.” Fonte: http://troppos.org/
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Hospitais de Portas Fechadas: o Pará não cuida nem dos filhos deste solo
Postado por Edu Valente às 20:48
Marcadores: Abaetetuba - Saúde, Folha de Abaetetuba
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