sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Do Blog do Barata**

EDUCAÇÃO

Radiografia do caos no Pará

Lúcia *

A noticia segundo a qual as 72 ilhas de Abaetetuba estão sucateadas ou simplesmente não funcionam por falta de professores, veiculada pelo Portal ORM, das Organizações Romulo Maiorana, evidencia, de forma eloqüente, a verdadeira tragédia que vive a educação no Estado do Pará. Tragédia de resto expressa na ausência do Pará no ranking das cem melhores instituições de ensino, segundo o Enem 2010, o Exame Nacional do Ensino Médio. Não há justificativa plausível para que esta situação esteja ocorrendo. Os recursos do MEC são bastante razoáveis. Portanto, a situação deixa exposta, clara e insofismavelmente, a inépcia da administração estadual na gestão educacional.

Não posso deixar de ficar indignada com uma noticia tão trágica. São seres humanos que estão sendo subjugados, presos em algemas invisíveis do abandono e largados à própria sorte como se fossem condenados num campo de concentração. São crianças, adolescentes que perdem o futuro e vivem extorquidos de seus mais básicos sonhos. Isto é um crime. Para mim, um crime hediondo.


Este cenário sinaliza o que vem acontecendo em grande maioria das escolas municipais e estadual. Um autêntico genocídio intelectual.


Nem, mesmo a “desculpa” da distancia geográfica se sustenta neste caso. Abaetetuba é um município próximo da capital e de fácil acesso. Por isso mesmo soa intolerável a Secretaria de Educação argumentar desconhecimento. Esta situação não surgiu da noite para o dia. Necessário lembrar da realidade daquele município. Um lugar complexo e alvo de todo o tipo de violação de direitos humanos, sociais e econômicos.


Diante desta tragédia anunciada reproduzo o que Paulo Freire eternizou no livro “Pedagogia do Oprimido”: “A violência dos opressores, que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação – a do ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos”. Trata-se de uma questão de tempo, acrescentaria. Muito pouco tempo.


* Lúcia é assistente social e colaboradora do blog.



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