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'para a comunidade /M.CRUZ
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Animal vence atoleiros, substitui eqüinos entre pequenos agricultores e quilombolas e vai puxar mandioca
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ALTO ITACURUÇÁ, PA – Calmamente, seu Raimundo Sena Gomes, 57 anos, conduz o carro de boi cheio de lenha, puxado por "Negão", um búfalo com mais de meia tonelada de peso. O animal segue pela estrada de chão, indiferente aos pesquisadores da Embrapa e extensionistas da Emater que visitarão mandiocais em Alto Itacuruçá e Igarapé Miri, a 80 quilômetros de Belém.
Com nove filhos e dez netos, esse morador da Vila Nossa Senhora de Nazaré carrega feixes de cumatê e lacre, riqueza madeireira da região nordeste do Pará. Abastece a si próprio e aos seus irmãos quilombolas do município de Abaetetuba. Alguns filhos dele "viajam" com a lenha levada por esse primitivo meio de transporte, resistente ao progresso. Motocicletas começam a cruzar as estradas rurais do nordeste do Pará, a exemplo do nordeste, onde "aposentaram" os jegues.
Animal resistente, com capacidade de transformar alimentos pobres e inferiores em muita carne e muito leite, o búfalo parece ter aposentado os eqüinos, pelo menos nesse lugar. "Ele é uma fortaleza, moço, porque puxa carga até no meio da várzea", comenta Egídio dos Santos Gomes, 53, o "Zica", conhecido nas terras quilombolas e nos arredores.
Fecularia quer usar animal
Há décadas morador perto do rio Arapupuzinho, Egídio aprecia o trabalho do amigo Raimundo e é um dos participantes do projeto da roça sem fogo de mandioca. Seu Raimundo pouco conversa, mas o amigo e compadre é desses que servem de guia para os visitantes dos campos demonstrativos dos projetos da Embrapa.
– Tudo bem, seu "Zica"? - cumprimentam-lhe numa só voz extensionistas da Emater.
– Com a graça de Deus – ele responde sorrindo, se enturmando com os plantadores de mandioca. E conta tudo sobre plantas nativas, fala do calor e da luta dos quilombolas para que o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) ponha fim a antigos litígios, meça os lotes de uma vez, corte as terras da Associação dos Remanescentes de Quilombos das Ilhas de Abaetetuba e as legalize com urgência.
O pesquisador Eduardo Jorge Maklouf de Carvalho e o extensionista Celso da Penha Gibson riem depois que a caminhonete da Emater atolou, 20 minutos antes, no meio de uma vala barrenta, por onde "Negão" passou soberbo, a menos de 5 Km por hora, fazendo seu dono exercitar a dose diária de paciência.
Os filhos do lenhador estudam numa escola rural. O mais velho tem 32 anos, o mais novo 18. Com certeza, não serão os futuros condutores do carroção. E quem será? Seu Raimundo não pestaneja:
- Pelo menos um neto vai ter que cuidar dos bichos. Aqui, o búfalo vai reinar por mais um bom tempo.
Alguém duvida? Durante almoço com os pesquisadores e extensionistas, Pedro Calil, 57, sócio-proprietário da única fecularia de mandioca da Amazônia, em Moju, elogiou o desempenho dos bubalinos do nordeste paraense. Se depender de Calil, a empresa incentivará as prefeituras e os pequenos agricultores a utilizar o animal para retirar cargas de mandioca de áreas isoladas. "É preciso levá-lo aonde não entram o caminhão e o trator", propõe.
ALTO ITACURUÇÁ, PA – Calmamente, seu Raimundo Sena Gomes, 57 anos, conduz o carro de boi cheio de lenha, puxado por "Negão", um búfalo com mais de meia tonelada de peso. O animal segue pela estrada de chão, indiferente aos pesquisadores da Embrapa e extensionistas da Emater que visitarão mandiocais em Alto Itacuruçá e Igarapé Miri, a 80 quilômetros de Belém.
Com nove filhos e dez netos, esse morador da Vila Nossa Senhora de Nazaré carrega feixes de cumatê e lacre, riqueza madeireira da região nordeste do Pará. Abastece a si próprio e aos seus irmãos quilombolas do município de Abaetetuba. Alguns filhos dele "viajam" com a lenha levada por esse primitivo meio de transporte, resistente ao progresso. Motocicletas começam a cruzar as estradas rurais do nordeste do Pará, a exemplo do nordeste, onde "aposentaram" os jegues.
Animal resistente, com capacidade de transformar alimentos pobres e inferiores em muita carne e muito leite, o búfalo parece ter aposentado os eqüinos, pelo menos nesse lugar. "Ele é uma fortaleza, moço, porque puxa carga até no meio da várzea", comenta Egídio dos Santos Gomes, 53, o "Zica", conhecido nas terras quilombolas e nos arredores.
Fecularia quer usar animal
Há décadas morador perto do rio Arapupuzinho, Egídio aprecia o trabalho do amigo Raimundo e é um dos participantes do projeto da roça sem fogo de mandioca. Seu Raimundo pouco conversa, mas o amigo e compadre é desses que servem de guia para os visitantes dos campos demonstrativos dos projetos da Embrapa.
– Tudo bem, seu "Zica"? - cumprimentam-lhe numa só voz extensionistas da Emater.
– Com a graça de Deus – ele responde sorrindo, se enturmando com os plantadores de mandioca. E conta tudo sobre plantas nativas, fala do calor e da luta dos quilombolas para que o Instituto de Terras do Pará (Iterpa) ponha fim a antigos litígios, meça os lotes de uma vez, corte as terras da Associação dos Remanescentes de Quilombos das Ilhas de Abaetetuba e as legalize com urgência.
O pesquisador Eduardo Jorge Maklouf de Carvalho e o extensionista Celso da Penha Gibson riem depois que a caminhonete da Emater atolou, 20 minutos antes, no meio de uma vala barrenta, por onde "Negão" passou soberbo, a menos de 5 Km por hora, fazendo seu dono exercitar a dose diária de paciência.
Os filhos do lenhador estudam numa escola rural. O mais velho tem 32 anos, o mais novo 18. Com certeza, não serão os futuros condutores do carroção. E quem será? Seu Raimundo não pestaneja:
- Pelo menos um neto vai ter que cuidar dos bichos. Aqui, o búfalo vai reinar por mais um bom tempo.
Alguém duvida? Durante almoço com os pesquisadores e extensionistas, Pedro Calil, 57, sócio-proprietário da única fecularia de mandioca da Amazônia, em Moju, elogiou o desempenho dos bubalinos do nordeste paraense. Se depender de Calil, a empresa incentivará as prefeituras e os pequenos agricultores a utilizar o animal para retirar cargas de mandioca de áreas isoladas. "É preciso levá-lo aonde não entram o caminhão e o trator", propõe.
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