sábado, 8 de agosto de 2009

INDUSTRIA DE MOJU DA EXEMPLO DE CRESCIMENTO PARA A REGIÃO, ATRAVÉS DE PARCERIAS

'
MOJU, PA – O preço da farinha de trigo dispara, o País importa trigo e o pãozinho fica mais caro. Enquanto isso, a única fábrica de fécula da região norte brasileira espera esmagar mais mandioca para atender ao crescente mercado nos estados do Pará e do Amazonas. No momento, a Fécula da Amazônia S/A processa 80 toneladas de mandioca por dia, obtendo cerca de 30 toneladas de fécula/dia em Moju (a 68 km de Belém), mas está projetando moer duzentas toneladas até 2011. O amido é um excelente substituto do trigo na indústria de alimentos. Atualmente, Manaus (AM) compra, sozinha, na região noroeste do Estado do Paraná cerca de cem mil toneladas de fécula por ano, destinando mais de 80% das cargas para o atendimento ao Distrito Industrial da Zona Franca. Frigoríficos, indústrias de papel e papelão são os maiores consumidores do produto.

Para montar o negócio em Moju, os empresários Benedito Pantoja e Pedro Calil obtiveram recursos do Banco Estadual do Pará (Banpará) e do Banco da Amazônia S/A (Basa). “Hoje, o que você vê construído, mais o terreno e o que está enterrado aqui fica em torno de R$ 20 milhões”, diz Calil à Agência Amazônia.

AGRICULTURA FAMILIAR

Os R$ 8 milhões investidos inicialmente cobriram investimentos numa área de 16 hectares. A planta foi dividida em área administrativa, um armazém para estocagem, uma área de recepção da mandioca in natura e o setor industrial de beneficiamento para a retirada da fécula. A agricultura familiar alimenta essa indústria. São necessários mais de quatro mil hectares de mandioca para mover a fábrica, ou seja, a mobilização de mais de duas mil famílias dos municípios de Abaetetuba, Acará, Concórdia, Igarapé-Miri, Tailândia, Mocajuba, Baião, Cametá e Moju. Além de fornecer ao setor industrial, a empresa está esperançosa em que o mercado prospere, depois que for aprovado o pão com adição de fécula. No ano passado, por recomendação do Ministério da Fazenda, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vetou a lei da adição aprovada na Câmara e no Senado. Agora, o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa, Paulo Okamoto, prevê uma apresentação do “pão brasileiro” ao presidente. Pelas projeções da Embrapa Amazônia Oriental, com o melhor rendimento das lavouras dos municípios da região do Baixo Tocantins do Pará será possível duplicar a produção dessa empresa que já adquire toda a mandioca de Moju. O preço da tonelada de raiz na Fécula Amazon em 2008 alcançou R$ 160,00. Pesquisadores da Embrapa e extensionistas da Emater vêm dando tudo de si para melhorar a produtividade média estadual, de aproximadamente 17 toneladas, considerada baixa.

PARCERIA FORTE

Calil (e): hoje, a área física e os equipamentos de uma indústria semelhante custariam pelo menos R$ 20 milhões /M.CRUZ

“Nas condições de fertilidade do solo de Moju, com preparo de área mecanizada e adoção do Trio da Produtividade na Cultura da Mandioca, sem adição de fertilizantes químicos ou orgânicos é possível concluir que as variedades Nuvem, Paulozinho e Cearense foram as que obtiveram maiores produtividades de raízes e ramas e, maiores retornos econômicos”, avaliaram os pesquisadores da Embrapa Raimundo Nonato Brabo Alves e Moisés Modesto Júnior. A Fécula Amazon nasceu de uma parceria público-privada entre os empresários Pantoja e Calil e a Prefeitura Municipal de Moju. Ali também é processada grande parte da safra de Acará, considerado o maior município mandioqueiro do País. Acará situa-se perto do porto de Vila do Conde, o mais próximo da rota para os Estados Unidos.

Para o técnico da Emater, Astrogildo Sobrinho, que faz palestras regulares sobre a importância das parcerias, com ênfase para a melhoria na produtividade, os pequenos agricultores do Baixo Tocantins serão a mola propulsora para o êxito da fecularia. “Eles trabalham com recursos próprios, usam o trio da produtividade, que vem dando certo aqui no Pará. E não precisarão tirar tanto dinheiro do bolso para elevar a sua produtividade”, disse Sobrinho. Ele aponta outro aspecto positivo: “Basta aplicar no mandiocal doses econômicas de adubação mineral, para que o custo do roçado seja reduzido”.

ESFORÇO DO PRODUTOR E DA PESQUISA DEVE MELHORAR A PRODUTIVIDADE

MOJU – Em maio deste ano, ele avaliou a produtividade de um roçado de oito meses de idade da comunidade de Alto Itacuruçá que adotou parte das práticas do trio. Estudou ao acaso 26 plantas, que obtiveram uma produtividade média equivalente a 15 t/ha de raiz de mandioca. De acordo com o IBGE, em 2006 o município de Abaetetuba obteve uma produção de 1.200 toneladas de raiz, com uma produtividade média de 12 t/ha. Contudo, Brabo Alves e Moisés Modesto constataram que na comunidade de quilombolas a produtividade média dos agricultores familiares está ainda mais baixa, com apenas 10,23 t/ha de raiz de mandioca. Modesto destaca a grande importância econômica, social e cultural da mandioca no Brasil. “Numa área cultivada de 1,9 milhão de hectares, o Brasil obteve 26,8 milhões de toneladas de raiz em 2007, conforme levantamento do IBGE. O Estado do Pará é o maior produtor com uma área cultivada de 314 mil hectares e a produção de 5 milhões 78 mil toneladas em 2006 se destinaram basicamente à fabricação de farinha de mesa”, analisou. O sistema de manejo rudimentar utilizado pela maioria dos agricultores familiares, associado ao uso de variedades de baixo potencial de produtividade são fatores responsáveis por este baixo rendimento. (M.C.)

UM NEGÓCIO DE R$ 480 MILHÕES, COM INDÚSTRIA OCIOSA

Primeira na Amazônia, fecularia de Moju pode abastecer toda Amazônia /M.CR

MOJU – A produção de fécula de mandioca no Brasil voltou a crescer em 2008, após uma queda observada em 2007. Ao contrário da expectativa de agentes no início do ano de redução de mais de 8%), a produção de fécula apresentou acréscimo de 3,7% em 2008, para 565.115 toneladas (t), tornando-se o quarto maior volume da série histórica iniciada em 1990. Os números são de um levantamento feito por pesquisadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, e da Embrapa Mandioca e Fruticultura Tropical, em parceria com a Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca (Abam). Em 2008, a capacidade instalada da indústria brasileira de fécula de mandioca totalizou 18,1 mil, ou seja, 15,4% superior à de 2007 (15.720 t/dia). Este movimento ocorreu devido à ampliação de algumas fecularias e à retomada da operação de parte de empresas que haviam paralisado suas atividades em anos anteriores, após terem sido adquiridas ou arrendadas por grupos ativos. Segundo os estudos do Cepea, Embrapa e Abam, considerando a capacidade total instalada em 2008 (18.155 t), e um rendimento médio de amido das raízes de 25%, poderia se obter uma produção diária de 4.538 t de fécula de mandioca. “Se estas empresas trabalhassem 260 dias/ano, na média, a produção brasileira de fécula poderia alcançar 1,18 milhão de t, o que supera em 68% o maior volume já produzido no Brasil em 2002, de 667 mil t. Esta projeção, dessa forma, destaca a ociosidade da indústria de fécula no Brasil, potencial que ainda pode ser alcançado. Em 2008, o Paraná produziu 353,4 mil toneladas, o que representou 62% da produção brasileira. Em seguida ficaram os estados de Mato Grosso do Sul, (107,1 mil t e 19%), São Paulo (76,6 mil t e 14%), Santa Catarina (21,1 mil t e 4%) e outros estados (6,1 mil toneladas e 1%). Apesar da redução no volume produzido, a receita obtida com as vendas internas de fécula foi 28,6% superior ao obtido em 2006, passando de R$ 373,6 milhões naquele ano para R$ 480,3 milhões em 2007. O principal motivo foi a valorização de 35,6% da fécula de mandioca no mesmo período, de R$ 650,00/tonelada para R$ 881,41/t. Além da menor oferta, as altas de outras commodities agrícolas e do amido de milho contribuíram para o aumento nos preços da fécula. Cerca de 70 fecularias do Brasil responderam ao questionário dos pesquisadores e 77% responderam. (M.C.)

BRASIL IMPORTA 6 MILHÕES DE T DE TRIGO

MOJU e BELÉM – O governo manteve o corte de impostos para o setor tritícola no mês passado, mas os moinhos não reajustaram o preço entre 5% e 10% sobre os valores de maio. Novamente, a indústria de farinha brasileira importou trigo do Canadá, já que o trigo da Argentina ficou totalmente escasso depois da crise econômica naquele país. O Brasil tem uma safra de 5 milhões de toneladas de trigo e precisa importar mais 6 milhões, informa a Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo). Em julho os preços tiveram aumento, conforme registra a Fundação Getulio Vargas: o pão francês subiu 0,61%; a farinha de trigo, 1,33%; e os biscoitos, 0,1%. No entanto, no acumulado de 2009 e em 12 meses, ainda há deflação em tais produtos. Na farinha de trigo, a queda é de 17,1% em um ano. O dólar em queda poderá desestimular alguns moinhos de trigo, neutralizando os aumentos. (M.C.)

0 Comments: