terça-feira, 26 de abril de 2011

Que tal trocar de medo?

Todos nós sentimos algum tipo de medo: medo de altura, de escuro, medo do desconhecido, do futuro, da violência urbana, medo de ser demitido etc.



O medo está ligado a um sentimento de auto-preservação comum em todas as espécies. Por isso, se você tem os seus medos, não há motivos para se envergonhar. No entanto, se esse sentimento ultrapassa alguns limites, ele pode se transformar em uma das inúmeras patologias populares da sociedade moderna, como a síndrome do pânico, o pavor noturno, a anorexia, entre muitas outras.



As causas desses transtornos psicológicos geralmente são associadas ao estilo de vida, à correria do dia a dia e ao stress. Eu não sou médico e não tenho autoridade alguma para me aprofundar sobre qualquer uma dessas patologias, porém, há um tipo de comportamento que tenho observado em muitos profissionais ao longo desses mais de 16 anos empreendendo: o medo de fracassar.



Este assunto beira ao clichê ou a mais um dos temas corriqueiros de autoajuda. Entretanto, mesmo sendo uma questão tão comum e debatida, percebo que, nos últimos anos, este problema tem ganhado maiores proporções e atingido todos os níveis dentro da hierarquia de uma companhia, podando a criatividade e limitando o potencial produtivo de muitos profissionais.



São várias as razões para o desenvolvimento do medo de fracassar: o desejo exacerbado por aceitação, a busca por admiração ou até mesmo por um impulso compulsivo, sem uma razão consciente, são algumas delas. Seja qual for o motivo, o medo de fracassar tem assombrado milhões de pessoas, de todas as idades, em todo o mundo.



Quantas pessoas você conhece que estão infelizes em sua área de atuação e não têm coragem de mudar? Elas gostariam de abrir um negócio próprio, mas têm medo de trocar suas pseudo-seguranças pelo novo projeto. Permanecem presas dentro de "jaulas imaginárias", temendo fracassar.



É incrível, mas essas pessoas não percebem que, ao permanecerem paralisadas, sua probabilidade de fracassar é matematicamente maior do que a própria mudança que tanto temem. Isso porque esse medo do fracasso desenvolve uma grande intolerância ao risco, ingrediente fundamental para o desenvolvimento de novos projetos e de uma carreira vitoriosa.
Ora, nascemos de uma corrida de mais de 300 milhões de espermatozóides, onde, nesta competição, o primeiro lugar recebe um grande prêmio: a vida! Que garantias todos nós tivemos nessa corrida? Absolutamente nenhuma! O risco é parte da vida. Não corrê-lo é a garantia de uma vida sem grandes realizações.



Como já citei, ter medo é normal e não há razão para preocupações. Teremos muitos medos ao longo da vida. Sendo assim, que tal se, ao invés de tentarmos nos privar de senti-lo, trocássemos de medo? Que tal trocarmos o medo de fracassar pelo medo de vivermos uma vida medíocre e, por conta disso, ousarmos mais? Ou trocá-lo pelo medo de viver uma vida sem aventuras, a fim de não cairmos na rotina? E se trocarmos o medo de fracassar pelo medo de nos arrependermos, porque não fomos ousados o suficiente? O medo é um instinto que pode se tornar doentio, mas também pode ser usado a nosso favor, como uma grande motivação (motivação = motivo para a ação).



A vida é curta, mas ela é muito mais saborosa quando ousamos e aprendemos a lidar com as variáveis. O risco não é um vilão; ele é o combustível da nossa criatividade, e os nossos fracassos são um instrumento pedagógico para a nosso próprio desenvolvimento como construtores dos nossos sonhos. Quem vive assim é mais livre para empreender, livre para fracassar e até livre para ter os seus medos, mas sem jamais ser escravizado por eles.


Flávio Augusto é empreendedor e fundador da Wise Up

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