“Os artesãos se postavam na praça do Carmo e faziam as suas girândulas com os brinquedos que tinham sido fabricados durante o ano inteiro pra trazer pro Círio. Os brinquedos eram o acesso da pessoa mais carente. Não tinham brinquedos que tinha em loja. As pessoas que vinham para a procissão do Círio, de outros interiores e também do subúrbios compravam esses brinquedinhos para os seus filhos”, conta Bete Dopazo.
Abaetetuba é um dos principais produtores do brinquedo de miriti. Nessa cidade de 130 mil habitantes fica a Miritong - ONG fundada em 2005 por Valdeli Costa e outros artesãos. “A Miritong então foi pensada, ela foi criada para trabalhar com o manejo e com o repasse de técnicas para jovens e adolescentes. Não só porque faltava mão de obra, mas também porque a gente escolheu o jovem como nosso público alvo porque ele vive em situação vulnerável no nosso município por conta do tráfego de drogas”, conta Valdeli.
“O meu ateliê aqui se chama Fábrica dos Sonhos. É um nome que foi escolhido por um dos meninos que participa aqui do grupo. Aqui a gente não quer simplesmente formar artesãos. O nosso objetivo é através dessa atividade contribuir para que o jovem realize o seu sonho”, completa o artesão.
A diretora de cultura de Abaetetuba, Neuza Rodrigues, conta: “Esse trabalho está deixando como legado para as futuras gerações a formação do caráter humano, a inclusão social, o direcionamento do jovem adolescente para uma profissão”.
Hoje mais de 80 pessoas estão envolvidas diretamente no projeto. As crianças com menos de 14 anos são responsáveis pela pintura. Os mais velhos cuidam do entalhe juntamente com os voluntários.
O ateliê funciona assim: “a gente disponibiliza matéria prima e ferramentas, e a pessoa vem produzir e o que ele vender é dele, a produção é dele. Só contribui com o ateliê pra gente repor matéria prima, pagar aluguel, aquela coisa. Então ele pode produzir o resto da vida aqui.”, conta Valdeli Costa.
A matéria prima do brinquedo é o miolo do miriti, uma espécie de palmeira encontrada na Amazônia legal. Só os braços mais altos das árvores são extraídos pelos caboclos.
“Não que a nossa atividade esteja agredindo a palmeira, muito pelo contrário. Na verdade nossa atividade é uma podagem que a gente faz na palmeira.”, conta Valdeli.
A Miritong também faz brinquedos educativos vendidos até fora do Brasil.
O artesão Manuel Ferreira conta: “O produto que a gente trabalha, a matéria prima é 100% tudo reaproveitamento de madeira, resíduos. Aquela madeira que ia pro lixo é transformada em brinquedos”.
Clique abaixo e assita ao Vídeo:
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