Com o acompanhamento dos professores Arnaldo Pantoja e Romier Sousa, estudantes de Agronomia que fazem parte do NEA e do PET estiveram nos dias 20 e 21 de maio deste ano nas ilhas de Capim e Xingu, no município de Abaetetuba, para implantação de um projeto de pesquisa do desenvolvimento da apicultura nessa ilhas.
O professor Romier Sousa produziu uma memória com fotos e relatos das experiências e nos enviou, a qual adaptamos e reproduzimos aqui.
O referido Projeto havia sido demandado pelos Educandos do Curso Técnico em Agropecuária com Ênfase em Agroecologia apoiado pelo PRONERA em 2009. Tais atividades foram frutos da construção de projetos de vida ou produção, metodologia desenvolvida durante o 3º ano do Curso. Os educandos das Ilhas do Capim e Xingu demandaram a implantação de Projeto articulando a vegetação das Ilhas e a atividade apícola;
O Agroecossistema predominante na ilha do Capim é a Várzea, com predominância do cultivo do açaí. Contudo, com uma riqueza de diversidade de espécies de plantas e animais. Além do açaí, principal atividade comercial das famílias nas Ilhas, os camponeses exploram a pesca artesanal de peixe e camarão. Fazem usos de diversos produtos florestais, como frutos, resinas, óleos, sementes, fibras e outros. O Agroecossistema mantém grande parte de sua fertilidade do solo a partir da ciclagem da matéria orgânica em função do manejo dos açaizais e do fluxo das águas barrentas do Rio.
Em preparação da atividade, foi apresentada a proposta de trabalho, feito o planejamento das ações e as as primeiras primeiras reflexões sobre a criação de abelhas em área de várzea. O dialogo de saberes de educadores, Educandos e camponeses sobre o local de implantação da atividade marcou o processo de escolha do local na Ilha do Capim, com reflexões sobre as melhores condições de criação de abelhas e a dinâmica da Floresta.
Em seguida, veio o preparo de área: limpeza de uma área de 30m x 5m, havendo preocupação com luminosidade para as abelhas nas primeiras horas do dia, buscando o incentivo à saída da colméia.
O trabalho como princípio educativo norteou todo o processo de aprendizagem e de desenvolvimento do projeto, tendo-se em consideração que a natureza é transformada pelos seres humanos a partir dos processos de trabalho. Ou seja, a criação de Agroecossistemas pressupõe a ação humana. Diante disso, como pensar o trabalho numa perspectiva formativa? Em geral, o trabalho na formação é realizado de maneira fragmentada, desconectada e não reflexiva. A idéia central de se fazer essa reflexão foi fazer perceber o trabalho como elo de ligação interdisciplinar e como perspectiva de formação de uma consciência coletiva de ser.
Foi feito uso dos recursos locais disponíveis: produção dos apoiadores das caixas de abelhas; uso de madeira local; aproveitamento dos recursos florestais locais; numa perspectiva de autonomia do campesinato.
Os conhecimentos técnicos foram aplicados pelos estudantes, com a demarcação do local das colméias, retirada dos tocos da área e nivelamento da caixa, com intenso diálogo de saberes entre o Professor Arnaldo, educandos e camponeses. Ensinou-se o posicionamento correto das colméias, sendo importante haver uma leve declividade na saída do alvado, pois em caso de chuva, a colméia não é molhada no interior. A posição em direção ao nascente também foi tema de discussão, pois é fundamental que as abelhas percebam o nascer do sol logo nas primeiras horas do dia, o que lhes indica a possibilidade de ir ao campo coletar pólen.
O manejo do açaí, atividade âncora na geração de renda monetária das famílias nas ilhas de Abaetetuba, esteve bastante presente na implantação do projeto. Nossos estudantes puderam ter o aprendizado sobre o manejo dos açaizais nativos, e durante o desenvolvimento da atividade houve uma pausa para colher o açaí, que seria apreciado no jantar. Neste momento, os camponeses tornaram-se educadores, demonstrando todo conhecimento sobre o cultivo da palmeira e sobre a arte de produção da peconha, apetrecho utilizado para subir no açaízeiro, arte essa transmitida de geração a geração.
Até mesmo um acidente com a estudante Priscila Rollo, que caiu de uma das palafitas, serviu para gerar uma reflexão. Sem condições de levar a educanda para um hospital, refletiu-se sobre as dificuldades das famílias ribeirinhas de acesso ao serviço público de saúde (o igarapé que dava acesso à casa estava seco (maré baixa); não tinham barco; e a noite é muito perigoso atravessar o rio até Abaetetuba, em função dos Piratas (isso mesmo, nós temos piratas, quem disse que é só coisa de filme?). E a equipe pôde verificar a importância da Medicina Camponesa e do saber caboclo, quando a mãe do estudante Hueliton pegou o óleo de andiroba para “puxar” os machucados, esquentando-a em luz de vela. A estudante Priscila passa bem.
O professor Arnaldo aproveitou a noite para exibir e debater um vídeo sobre criação de abelhas. No dia seguinte, 21 de maio de 2011, foi a vez de implantar o projeto na ilha do Xingu. O agroecossistema é bem semelhante a Ilha do Capim. Contudo, com mais área de terra firma. Os camponeses desenvolvem atividades de produção de farinha de mandioca. Em uma avaliação preliminar, o Prof. Arnaldo observou uma florada mais diversificada na Ilha.
O grupo voltou a fazer a atividade de escolha e limpeza da área e demarcação das colméias. Após um banho de chuva na floresta, os estudantes terminaram o dia se descontraindo com passeios de barco e banhos de rio.
O próximo passo será a preparação dos núcleos de abelhas e pintura das caixas para retornar e implantar nos locais definidos. A previsão de retorno é no mês de junho.
O professor Romier Sousa produziu uma memória com fotos e relatos das experiências e nos enviou, a qual adaptamos e reproduzimos aqui.
O referido Projeto havia sido demandado pelos Educandos do Curso Técnico em Agropecuária com Ênfase em Agroecologia apoiado pelo PRONERA em 2009. Tais atividades foram frutos da construção de projetos de vida ou produção, metodologia desenvolvida durante o 3º ano do Curso. Os educandos das Ilhas do Capim e Xingu demandaram a implantação de Projeto articulando a vegetação das Ilhas e a atividade apícola;
O Agroecossistema predominante na ilha do Capim é a Várzea, com predominância do cultivo do açaí. Contudo, com uma riqueza de diversidade de espécies de plantas e animais. Além do açaí, principal atividade comercial das famílias nas Ilhas, os camponeses exploram a pesca artesanal de peixe e camarão. Fazem usos de diversos produtos florestais, como frutos, resinas, óleos, sementes, fibras e outros. O Agroecossistema mantém grande parte de sua fertilidade do solo a partir da ciclagem da matéria orgânica em função do manejo dos açaizais e do fluxo das águas barrentas do Rio.
Em preparação da atividade, foi apresentada a proposta de trabalho, feito o planejamento das ações e as as primeiras primeiras reflexões sobre a criação de abelhas em área de várzea. O dialogo de saberes de educadores, Educandos e camponeses sobre o local de implantação da atividade marcou o processo de escolha do local na Ilha do Capim, com reflexões sobre as melhores condições de criação de abelhas e a dinâmica da Floresta.
Em seguida, veio o preparo de área: limpeza de uma área de 30m x 5m, havendo preocupação com luminosidade para as abelhas nas primeiras horas do dia, buscando o incentivo à saída da colméia.
O trabalho como princípio educativo norteou todo o processo de aprendizagem e de desenvolvimento do projeto, tendo-se em consideração que a natureza é transformada pelos seres humanos a partir dos processos de trabalho. Ou seja, a criação de Agroecossistemas pressupõe a ação humana. Diante disso, como pensar o trabalho numa perspectiva formativa? Em geral, o trabalho na formação é realizado de maneira fragmentada, desconectada e não reflexiva. A idéia central de se fazer essa reflexão foi fazer perceber o trabalho como elo de ligação interdisciplinar e como perspectiva de formação de uma consciência coletiva de ser.
Foi feito uso dos recursos locais disponíveis: produção dos apoiadores das caixas de abelhas; uso de madeira local; aproveitamento dos recursos florestais locais; numa perspectiva de autonomia do campesinato.
Os conhecimentos técnicos foram aplicados pelos estudantes, com a demarcação do local das colméias, retirada dos tocos da área e nivelamento da caixa, com intenso diálogo de saberes entre o Professor Arnaldo, educandos e camponeses. Ensinou-se o posicionamento correto das colméias, sendo importante haver uma leve declividade na saída do alvado, pois em caso de chuva, a colméia não é molhada no interior. A posição em direção ao nascente também foi tema de discussão, pois é fundamental que as abelhas percebam o nascer do sol logo nas primeiras horas do dia, o que lhes indica a possibilidade de ir ao campo coletar pólen.
O manejo do açaí, atividade âncora na geração de renda monetária das famílias nas ilhas de Abaetetuba, esteve bastante presente na implantação do projeto. Nossos estudantes puderam ter o aprendizado sobre o manejo dos açaizais nativos, e durante o desenvolvimento da atividade houve uma pausa para colher o açaí, que seria apreciado no jantar. Neste momento, os camponeses tornaram-se educadores, demonstrando todo conhecimento sobre o cultivo da palmeira e sobre a arte de produção da peconha, apetrecho utilizado para subir no açaízeiro, arte essa transmitida de geração a geração.
Até mesmo um acidente com a estudante Priscila Rollo, que caiu de uma das palafitas, serviu para gerar uma reflexão. Sem condições de levar a educanda para um hospital, refletiu-se sobre as dificuldades das famílias ribeirinhas de acesso ao serviço público de saúde (o igarapé que dava acesso à casa estava seco (maré baixa); não tinham barco; e a noite é muito perigoso atravessar o rio até Abaetetuba, em função dos Piratas (isso mesmo, nós temos piratas, quem disse que é só coisa de filme?). E a equipe pôde verificar a importância da Medicina Camponesa e do saber caboclo, quando a mãe do estudante Hueliton pegou o óleo de andiroba para “puxar” os machucados, esquentando-a em luz de vela. A estudante Priscila passa bem.
O professor Arnaldo aproveitou a noite para exibir e debater um vídeo sobre criação de abelhas. No dia seguinte, 21 de maio de 2011, foi a vez de implantar o projeto na ilha do Xingu. O agroecossistema é bem semelhante a Ilha do Capim. Contudo, com mais área de terra firma. Os camponeses desenvolvem atividades de produção de farinha de mandioca. Em uma avaliação preliminar, o Prof. Arnaldo observou uma florada mais diversificada na Ilha.
O grupo voltou a fazer a atividade de escolha e limpeza da área e demarcação das colméias. Após um banho de chuva na floresta, os estudantes terminaram o dia se descontraindo com passeios de barco e banhos de rio.
O próximo passo será a preparação dos núcleos de abelhas e pintura das caixas para retornar e implantar nos locais definidos. A previsão de retorno é no mês de junho.
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