sábado, 25 de junho de 2011

PM/PA: A Polícia que Mata

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Recentemente na cidade de Abaetetuba (PA) um policial militar fora de serviço foi assassinado no cais da cidade por um suposto assaltante e em seguida uma verdadeira matança foi promovida por supostos colegas de farda do policial morto. Saldo da ação: duas pessoas inocentes mortas (mãe e padrasto do suspeito).

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Há uma “lei alternativa” na Polícia Militar do Pará que diz: “bandido que mata policial é bandido morto e quem estiver no caminho também morre” e foi o caso do duplo homicídio em Abaetetuba (PA) que entra para as estatísticas. É raro alguém que comete um atentado contra um policial sair vivo e reforça a tese de que há a polícia do bem (a que protege e dá segurança aos contribuintes que pagam seus salários) e a polícia do mal (que pode ser um forte grupo de extermínio patrocinado pelo Estado).

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A grande maioria dos policiais em atuação fazem parte do grupo do bem (há razões para acreditar que os bons são a maioria, como diz a publicidade de uma marca famosa de refrigerantes), mas o pequeno grupo que age fora da lei e que tem licença para matar são piores que o pior bandido.

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Abaixo cito um trecho de um post do blog do jornalista Emanoel Reis, onde o mesmo relembra essa página sangrenta da Polícia Militar do Pará para que todos não esqueçam e que as atrocidades do passado não se repitam hoje:

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O fim da “ROTA” paraense

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“Quando o Patrulhamento Tático Metropolitano (PATAM) foi criado pelo então governador do Pará, Jader Barbalho (PMDB), logo a imprensa identificou semelhanças metodológicas entre a famigerada Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar (ROTA), de São Paulo, e PATAM. O comando do 6º Batalhão de Polícia Militar elegeu como símbolo da nova corporação uma cabeça de caveira, como aquela muito usada pelos antigos piratas, a mesma utilizada pelo Esquadrão da Morte, um grupo de extermínio formado por policiais que ganhou notoriedade nos anos 1970.

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Em pouco tempo, mais precisamente entre os anos 1991 e 1992, o PATAM evidenciou seu modus operandi. Ou seja, atirava antes e perguntava depois. Bandidos foram implacavelmente perseguidos e executados nos ramais e áreas de invasão que à época circundavam a Região Metropolitana de Belém. Os policiais militares do 6º BPM abusavam da autoridade, mas, devido à alta incidência de crimes registrada na capital paraense, a sociedade condescendeu.

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Até o dia em que uma guarnição do PATAM, sob o comando do sargento PM Cruz, recebeu a denúncia de que quatro rapazes, um deles portando uma arma (um revólver calibre 38), seguiam às proximidades do conjunto Europa, bairro do Coqueiro (Belém/PA). A abordagem coordenada por Cruz aos supostos criminosos resultou em três assassinatos, de um investigador de Polícia, lotado na antiga Divisão de Ordem Política e Social (DOPS), e de dois universitários, e na tentativa de assassinato de um militar da Marinha, que sobreviveu ao massacre e identificou os criminosos.

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A chacina foi a principal chamada de jornais e telejornais nacionais e internacionais. Por conta da pressão, Jader Barbalho extinguiu o PATAM por meio de um simples decreto veiculado em página par (menos nobre) do Diário Oficial. Mas, ainda hoje há quem sinta saudades da temível PATAM, cuja existência não chegou a dois anos.”

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PS.: A impunidade é a força motriz que sustenta o permanente estado de insegurança no Estado do Pará. Poucos crimes são elucidados, a maioria tem inquéritos inconclusos e os assassinos (fardados ou não) ficam livres. Esse triste cenário sempre foi presente na vida dos paraenses, da antiga PATAM (grupo que promovia chacinas na periferia de Belém e que foi extinta, mas há quem sinta saudades…), passando pelo Massacre dos Sem-terra até o recente caso de Abaetetuba.

BARCELLOS, Caco. Rota 66 – A História da Polícia que Mata. São Paulo: Record, 2003.

http://www.dihitt.com.br/barra/pmpa-a-policia-que-mata

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